segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Lindas Imagens


No picasa, mais uma coletânia de alternativas para o trabalho em sala de aula. São imagens diversas e lindas.
Basta clicar no nome abaixo... e aproveitar.

Lindas imagens

A Disciplina Em Sala de Aula

 Celso Antunes
Outro dia esperava pacientemente na fila minha vez de ser atendido, quando um outro cidadão, sem mais nem menos, se interpôs à frente e pretextando ser amigo de um dos “pacientes” que a minha frente aguardavam, insurgiu-se w li se instalou, deixando lá trás um mundo de resmungos. Minutos depois, esperávamos todos o elevador chegar e mal a porta se abriu uma matilha alvoroçada ingressou no mesmo, atropelando os que de lá saiam. Não demorou muito, aguardava a hora de embarque e tão logo foi feita a chamada para o voo, uma porção de passageiros desesperados amontoaram-se à frente, deixando crianças, idosos e deficientes, com suposta preferência, entrarem por último. Sorte que os lugares eram marcados e assim não coube aos primeiros o privilégio da escolha. Entrei no voo por último, suspirando aliviado e pensando minha sorte em não estar buscando lugar no metrô, que disputa com maior sofreguidão bem mais passageiros.

Confesso que não me habituo a essa rotina agressiva e acho muito estranho tudo isso, recordando-me de tempos atrás quando havia uma coisa civilizada chamada “fila” que, agora, parece ter desaparecido.

Nada de surpreendente no que acima se relata. Não há morador de cidade grande ou média que não percebe essa evidência, que não sabe de pai que vai a escola reclamar da falta de disciplina e atira cascas de frutas pela janela ou estaciona em mão dupla. Ser empurrado, levar cotovelada, tapa na orelha e xingamento tornou-se comum e quem desejar ficar livre desses assédios que não tente sair de casa. Ou se aprende a empurrar ou se é empurrado cada vez mais. Nada disso parece causar estranheza, mas por paradoxal que possa parecer, existem os que ficam surpreendidos com o avolumar da indisciplina em sala de aula.

A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida, reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. Ora se a sala de aula é reflexo da sociedade e se a sociedade urbana perdeu noção de compostura e disciplina, como esperar que a escola transforme-se em um aquário social, tornando-se diferente da rua? Se aqui se fechasse esta crônica, ficaria por certo uma questão essencial. Quer dizer então que não adianta combater a indisciplina em sala de aula, uma vez que este espaço reproduz a ausência de disciplina que campeia pelas ruas?

A resposta é claramente negativa.

É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. Mas, como fazer isso?

Em primeiro lugar transformando-se a disciplina em um “valor”. Isto é, fazendo com que seja a mesma vista como uma qualidade humana, imprescindível à convivência e fundamental para as boas relações interpessoais. A disciplina não pode, jamais, chegar ao aluno como uma ordem, um castigo, um imperativo que partindo do mais forte, dirige-se ao oprimido em nome de seu conforto pessoal, mas como “produto” de debate, reflexão, estudo de caso e análise onde se descobre a hierarquia de povos disciplinados sobre clãs sem mando ou sobre sociedades oprimidas. A Literatura, a História e a Geografia podem se transformar em espelhos que refletem que a disciplina que se busca não é apenas a que se vê na relação professor x aluno, mas toda aquela que leva um povo à vitória, um ideal à concretização. Depois de uma ampla sensibilização sobre a disciplina enquanto valor humano cabe uma franqueza cristalina na discussão de regras, princípios, normas e fundamentos que são essenciais a todos, ainda que funções diferentes impliquem em regras não necessariamente iguais. Qual a disciplina ideal na opinião dos alunos? Qual na opinião dos professores? Quais regras são boas para todos e quais sanções cabem a quem não as cumpre? Esse diálogo não deve valer somente para se sensibilizar a classe sobre o valor da disciplina, mas para formalizar verdadeiro “contrato” que unindo interesses, exigirá reciprocidade.

Em terceiro lugar um sincero convite para que todos os membros da comunidade – alunos, pais, professores, inspetores, serventes, etc. – ajudem a escola a construir os valores que objetiva. Que se mostre o que a sala de aula está fazendo e o que espera que faça o cidadão, que se busque algumas simples regras para a comunidade que uniformizando a solidariedade, sinaliza, para a construção de um ideal. É a oportunidade para mostrar que o belo e o bom não são questão de preço, mas ação comportamental de uma comunidade. É possível imaginar o efeito de um boicote de clientes contra a instituição pública ou privada que menospreze a disciplina? A construção de regras implica tacitamente na proposição de sanções quando de sua infringência, tal como no esporte o descumprir da regra implica na falta, e estas sanções necessitam menos castigar que orientar menos punir e bem mais relevar o sentido e a significação de se viver em grupos.

Isto mudará o mundo fora da escola, além do entorno e de sua comunidade? Ocorrerá a restauração da fila e o voltar do respeito? Impossível ter certeza, mas ainda sem ela fica a convicção de que se a comunidade não fizer da sala de aula o seu espelho, ao menos os alunos e mestres desta sala a transformarão em abrigo sereno que sonha transformar-se em pequenino modelo para uma comunidade melhor.
 



espacodasaladeaula.blogspot.com

03/01/2005
Fonte: Jornal RMC

Sem surpresas no primeiro dia de aula

 

Encarar uma turma nova sempre dá um frio na barriga. Essa tensão diminui quando você se informa sobre quem está à sua espera.

Já imaginou chegar à escola no início do ano letivo e encontrar um grupo de crianças que só falta subir pelas paredes e ainda ouvir de uma delas que você não serve para dar aula? Ou, ao contrário, encarar uma classe vazia, sem um aluno sequer? O medo de enfrentar situações como essa deixa qualquer um ansioso, até mesmo quem tem anos de magistério. Mas o dia de conhecer os estudantes tem tudo para se tornar inesquecível — no bom sentido! E a melhor maneira de conseguir isso é descobrir tudo o que puder sobre a turma.
No Colégio Apoio, em Recife, no final do ano, os professores já sabem para quem vão lecionar. "Isso é possível porque a equipe é estável e compartilhamos as informações", explica a diretora Rejane Maia. Na rede pública, onde é grande o rodízio de educadores e estudantes, a solução é buscar no início do ano o apoio do diretor e do coordenador. Para montar as classes, eles devem reunir dados sobre os alunos.

A família é uma boa fonte

O contato com pais ou responsáveis também é rico. Em Porto Alegre, os professores de Educação Infantil sempre estão presentes na hora das matrículas. "Dessa maneira, é possível conhecer a família e obter as primeiras impressões sobre o futuro aluno", afirma Neusa Carlan, assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação.

Bem informado sobre quem você vai encontrar, fica mais fácil organizar uma recepção para a turma no primeiro dia de aula. Uma boa solução é dispor as cadeiras em círculo e convidar cada um a falar de si. Você está incluído! O momento é propício ainda para combinar as regras de convivência.

Nesse primeiro bate-papo recolha dados para seu planejamento. Se a classe for de adolescentes, você pode expor o programa da disciplina e pedir que falem sobre suas expectativas. Para que esse dia e os demais sejam produtivos, é importante que você domine os conteúdos que vai ensinar e tenha a clareza de onde quer chegar com a aprendizagem. Se precisar, recorra à coordenação, que pode auxiliar você na solução de problemas e na indicação das melhores leituras. 

Cristiane Marangon para revista Nova Escola

revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/comportamento/surpresas-primeiro-dia-aula-431329.shtml

O que devo fazer no meu primeiro dia como professor?


Antes de decidir as atividades que vai desenvolver, pesquise quem são eles, a faixa de idade, seu histórico de desenvolvimento, o ano/série que vão cursar e verifique de quanto tempo dispõe.
É prudente planejar uma situação de conversas. Afinal, aula é espaço de interação, de interlocução, de diálogo. Se for possível, escolha um lugar da escola agradável para se sentarem em roda no chão.
Nesse dia, você deve se apresentar, falar sobre sua formação, onde já trabalhou, por que escolheu dar aula. Também é preciso mostrar satisfação de conhecer a turma e apresentar suas expectativas em relação ao trabalho.
É natural que todos queiram se conhecer e saber o que vão estudar. Por isso, logo em seguida, inicie a apresentação da garotada. Divida o grupo em duplas, incluindo você. Um entrevista o outro, perguntando nome, preferências musicais, literárias, hobbies, sonhos, onde mora, o que planeja para o futuro etc. e depois cada entrevistador apresenta o colega para o grupo.
Esse primeiro dia pode também ser planejado por toda a equipe escolar com atividades variadas, como uma gincana e um lanche coletivo. O importante é dar à ocasião toda a atenção que ela merece, já que se trata do primeiro de muitos outros encontros. Deixe a apresentação detalhada do conteúdo e as combinações com a turma sobre as aulas (avaliação, tarefa de casa etc.) para o segundo dia de aula.

Heloísa Ramos para a revista Nova Escola
revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/devo-fazer-meu-primeiro-dia-como-professor-611991.shtml

sábado, 29 de janeiro de 2011

Início do Ano Letivo - E agora?

Às vésperas do início do ano letivo, o encontro com uma nova turma exige alguns preparos iniciais que vão facilitar o caminho que ora se inicia.

Navegando pela internet, encontramos diversas ajudas e sugestões que postarei no blog a medida do possível.

A primeira postagem vem da revista Nova Escola. Aproveitem.

Como agrupo meus alunos?

Em duplas, trios, quartetos... Para definir a melhor alternativa, é necessário, antes de mais nada, diagnosticar o que cada um sabe sobre o conteúdo. Como forma de ajudar nessa tarefa essencial para a aprendizagem, respondemos a 13 questões sobre o tema

 As professoras Ana Paula Kordash e Vera Lúcia Guastapaglia, da EMEF Leandro Klein, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, lecionam para uma turma de 5º ano. Para ensinar conteúdos de todas as disciplinas, muitas vezes elas dividem os 28 alunos em grupos, mas nunca de forma aleatória. A razão é simples: as duas já sabem que colocar trabalhando juntos os que têm saberes diferentes é uma forma poderosa de fazer todos aprenderem. Para tanto, sempre iniciam uma atividade com um diagnóstico em que verificam o que cada um sabe sobre o tema em questão. Só então planejam as situações de interação. Três delas - em Língua Portuguesa, Matemática e Geografia - são mostradas nas ilustrações nos quadros abaixo.

O procedimento de Ana e Vera - e de outros professores que usam os agrupamentos em sala para ensinar - está baseado em conhecimento produzido desde o início do século 20 por pesquisadores de diferentes áreas. Em 1930, o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) já chamava a atenção para a importância da interação entre a criança e o professor e entre a criança e os colegas em situações de aprendizagem. Em
A Formação Social da Mente, ele afirma que o bom aprendizado é aquele que foca o potencial que o aluno pode desenvolver com a ajuda de outros. Trabalhar em grupo, então, não é apenas importante, mas fundamental para ele.

Os estudos realizados na área destacam as condições em que se dá esse processo - o que inclui o conteúdo e o conhecimento prévio da turma -, além da importância do intercâmbio cognitivo, que traz avanços conceituais. O progresso alcançado quando os integrantes de um grupo confrontam pontos de vista moderadamente divergentes foi comprovado por pesquisa de Anne Nelly Perret-Clermont, da Universidade de Neuchâtel, na Suíça. Eles estão relatados no livro
Desenvolvimento da Inteligência e Interacção Social, de 1979. Independentemente de as opiniões dos estudantes estarem certas, ela comprovou que a diversidade de posições leva a conflitos e, em consequência, ao desenvolvimento intelectual e à aprendizagem.

Isso fica claro na alfabetização, campo em que os agrupamentos são mais difundidos. No início dos anos 1980, pesquisas da educadora argentina Ana Teberosky mostraram como é produtivo agrupar os pequenos com colegas que apresentam hipóteses diferentes (mas próximas) sobre leitura e escrita. Apesar de tudo isso, poucos professores utilizam os grupos de forma criteriosa.


Hoje, um dos núcleos de destaque na investigação sobre a interação é integrado por César Coll, da Universidade de Barcelona, que, entre outros aspectos, estuda o papel do professor. Segundo ele, cabe ao educador criar condições para que os alunos realizem o trabalho com os próprios instrumentos e manter o agrupamento sempre produtivo. Para ajudar você nessa tarefa, NOVA ESCOLA selecionou 13 questões de leitores sobre o tema - entre 60 enviadas pelo site.

Critérios de agrupamento

Reescrita de conto 

Ilustração: Daniel Motta

Disciplina  Língua Portuguesa
Objetivo  Desenvolver a produção de textos com base na linguagem que se usa para escrever
Conteúdo  Produção de textos
Critérios de agrupamento  Duplas, em que os dois têm nível de conhecimento próximo, mas habilidades distintas no que se refere à ortografia e à coesão de texto
Papel do professor  Vera Lúcia Guastapaglia acompanhou o trabalho para garantir que os integrantes trocassem informações e se ajudassem para que ambos avançassem
Interação entre alunos  Para reescrever a história, cada dupla produziu um texto e o redigiu conjuntamente, alternando o papel de escriba

1. Como faço um diagnóstico correto para montar grupos que sejam produtivos?
Edilania Maria Rodrigues Batalha Pereira, Cubatão, SP 
 
O primeiro passo é pensar no conteúdo a ser ensinado e nos objetivos específicos da atividade. Só depois de ter claras as duas informações, é hora de verificar o que a turma já sabe, o que se alcança com a investigação do nível de conhecimento de toda a classe e de cada aluno individualmente. De acordo com César Coll, a aprendizagem sempre tem como base conceitos, concepções, representações e conhecimentos construídos durante as experiências prévias dos estudantes. "Isso é o que condiciona em um alto grau o resultado da nova aprendizagem", explica ele no livro Aprendizagem Escolar e Construção do Conhecimento.

Esse mapeamento é o ponto de partida das ações do professor e o que dá apoio para a divisão em grupos, em que se reúnem os que têm condições de trocar em determinada tarefa. Quanto mais se sabe sobre o nível de conhecimento da garotada e o conteúdo a ser ensinado, mais produtivo é o agrupamento. Por isso, não basta fazer um diagnóstico no começo do semestre. A sondagem individual tem de ser repetida ao longo do ano, e o desempenho de cada um, acompanhado de perto em observações e na análise das produções.

Diferentes conteúdos exigem variados tipos de diagnóstico. Para verificar o que as crianças sabem sobre o basquete, por exemplo, nada melhor do que primeiro propor que assistam a uma partida e façam comentários. Em seguida, entregar uma bola a elas e deixar que mostrem esse conhecimento na prática, em quadra. Outro exemplo: para verificar como os recém-chegados à pré-escola escrevem e o que pensam sobre o sistema de escrita, o ideal é analisar o que produzem tendo lápis e papel nas mãos.

Há a necessidade também de fazer diferentes diagnósticos dentro de uma mesma disciplina, como Matemática. "Uma atividade para avaliar o conhecimento sobre o sistema de numeração não se parece em nada com a que se faz quando o assunto é espaço e forma", cita Priscila Monteiro, coordenadora da Formação em Matemática da prefeitura de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e formadora do projeto Matemática É D+, da Fundação Victor Civita. "Para a primeira, o desafio seria comparar diferentes valores de algarismos conforme a posição que ocupam no número. Já em relação à segunda, o diagnóstico exige, por exemplo, descrever o trajeto desde a casa até a escola ou identificar uma figura plana específica no meio de outras."

2. Devo deixar as crianças se agruparem de acordo com a afinidade entre elas?
Sue Ellen Reis Oliveira Nascimento, Juiz de Fora, MG 
  A decisão depende de sua intencionalidade. Elas têm liberdade de escolher com quem vão trabalhar se a atividade não tiver como objetivo ensinar um conteúdo - como jogos conhecidos ou outras propostas em que estão em jogo conhecimentos adquiridos. Porém tudo muda se o objetivo é a aprendizagem. Nesse caso, a afinidade não cabe como um critério de agrupamento, pois o principal objetivo da estratégia é a interação cognitiva e a construção de conhecimentos.

Se os escolhidos para trabalhar juntos não se relacionam bem, um dos caminhos é mediar possíveis atritos para que a produtividade não seja prejudicada. Essa é também uma oportunidade para todos aprenderem a lidar com as diferenças e se respeitarem, independentemente dos vínculos emocionais. Ser capaz de perceber o ponto de vista alheio e considerá-lo exige aprendizado. "É essencial ver esse processo como uma construção progressiva e que depende da vivência de situações que promovam avanços nas relações, em direção à cooperação e à autonomia", afirma Heloisa Helena Garcia, mestre em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP), que desenvolve o seu doutorado sobre a interação.

3. Agrupar os mais agitados com outros mais calmos e os mais tímidos com os extrovertidos é um bom critério?
Silvia Helena Rocha Barroso, Fortaleza, CE 
  Não. Ao definir as equipes, é importante garantir a máxima circulação de conhecimentos e informações. Quando se utilizam critérios como esse, não se configura necessariamente uma boa situação de trabalho. "As características pessoais podem facilitar o debate e a discussão, mas o mais importante é que as equipes sejam produtivas do ponto de vista dos conteúdos que você pretende ensinar", explica Camilla Schiavo Ritzmann, coordenadora pedagógica da Escola Santo Inácio, em São Paulo.

Todas as interações pressupõem um empenho para que o bom relacionamento prevaleça. É papel também do professor garantir que isso aconteça, criando condições para a colaboração e evitando que uns se calem ou obedeçam, enquanto outros dominam o trabalho. "De modo geral, ninguém é o tempo todo calmo, agitado, tímido ou extrovertido. Um jovem que tenha mais facilidade em Matemática tende a ser mais participativo nas aulas dessa disciplina e menos nas de outra em que não se saia tão bem", ressalta Juliana Pacheco Neto, mestranda em Metodologia do Ensino e Educação na USP e que tem nos agrupamentos um dos focos de seus estudos.

Atenta a isso, Ana Cristina Marotto, que leciona Matemática para o 4º ano no Colégio Equipe, em São Paulo, não usa as características pessoais dos alunos como critério principal para formar grupos. Em uma atividade cujo objetivo era a resolução de problemas, ela se certificou primeiro de que os quatro integrantes da equipe tivessem habilidades matemáticas distintas, verificadas durante a atividade de diagnóstico. "Só depois de garantir isso, procurei levar em conta a afinidade entre eles. O relacionamento nunca foi um empecilho para que solucionassem as questões propostas."

4. Como não errar na formação de duplas, trios, quartetos, quintetos ou grupões?
Janaina Oliveira Barros, Seabra, BA Os erros não acontecem quando se tem em mente que o mais relevante para definir as formas de agrupamento é levar as crianças a avançar. Fazer um diagnóstico detalhado também é essencial para pensar nos desafios que precisam ser vencidos por elas, nas hipóteses e nos saberes que cada uma apresenta e, acima de tudo, nos progressos a promover. Um erro comum é dividir a turma para realizar uma atividade que originalmente seria individual. "Antes de apresentar um trabalho coletivo, é preciso avaliar se é realmente a hora de promover a troca de conhecimento ou se é melhor pedir que cada aluno faça o seu", diz Lino de Macedo, do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade da USP.

Numa atividade de Língua Portuguesa com o objetivo de reescrever um texto baseado em uma história já conhecida, a professora Vera Lúcia, da EMEF Leandro Klein, utilizou um bom critério para organizar os alunos em duplas, como se vê na ilustração no quadro acima.

Após a leitura coletiva de um conto para que todos se familiarizassem com o enredo, a professora reuniu um estudante hábil na construção de textos com coesão ao lado de um colega que tinha a ortografia na ponta da língua. "Sabia que se juntasse dois que apresentavam a mesma habilidade, eles não avançariam", explica. A estratégia funcionou: eles construíram a história juntos, discutindo o que e como escrever e se revezando no papel de escriba.


Papel do professor
 
Discussão sobre estratégias de cálculo
Ilustração: Daniel Motta
Disciplina  Matemática
Objetivos  Desenvolver e debater em grupos diferentes estratégias de cálculo mental
Conteúdo  Cálculo mental
Critérios de agrupamento  Organização ascendente, iniciando com o trabalho individual, depois em duplas (cada um apresentava uma estratégia diferente ou a mesma estratégia com resultados errados) e, por fim, em quartetos (análise da estratégia mais econômica)
Papel do professor  Ana Paula Kordash observou as estratégias dos alunos e, com base nisso, fez agrupamentos ao longo da atividade. Durante o trabalho, pedia que eles explicitassem suas estratégias de cálculo
Interação entre alunos  Em dupla, cada um defendeu seu ponto de vista e suas estratégias para o colega. Quando as duplas formaram um quarteto, ambas mostraram as formas de calcular para, todos juntos, estabelecerem o caminho mais preciso

5. Devo dar autonomia à classe ou intervir sempre de modo a mediar o trabalho?
Paulo Cesar dos Santos Alves, Bebedouro, SP

Dar autonomia não significa deixar de intervir. César Coll diferencia dois mecanismos de influência do educador: as situações de construção dirigida de conhecimento e as de construção colaborativa. A primeira se caracteriza pela participação coletiva da turma com a orientação docente. A segunda é marcada pela interação entre os pares. Nesse momento, no entanto, é comum ver crianças sem assistência e livres para fazer o que quiserem - o que não garante a troca de conhecimentos.

Para evitar que isso ocorra, deve-se notar que o trabalho em grupo transforma o papel tradicional do mestre, que passa a criar as condições para que a garotada tome decisões e resolva as situações-problema sem ter o processo todo dirigido. Cabe a ele definir a tarefa a ser realizada, dar instruções e sugestões de encaminhamentos, indicar materiais, explicar as regras sobre cooperação entre os participantes e fazer correções de rotas.

Na atividade em grupo, tem lugar uma troca horizontal (aluno com aluno) e não vertical (professor com aluno). Por isso, tirar uma dúvida do grupo não significa responder às perguntas, mas levar os integrantes a relacionar conhecimentos e informações que levem à resposta.

6. Como aproveitar a heterogeneidade e despertar o interesse e a participação de todos?
Raimunda Aurisete Lucas, Itapipoca, CE 
 Ajudando um a compartilhar com o outro seu modo de pensar sobre determinada situação-problema. Depois de identificar o nível de conhecimento de cada um no início de um processo de ensino, torna-se importante observar o desempenho de todos no processo e modificar a formação dos grupos conforme a necessidade. Esse cuidado é essencial para garantir a atenção e a vontade de contribuir. Além disso, as atividades devem estar de acordo com os níveis de aprendizagem: nem muito fáceis nem muito complicadas.

Simone Santos da Fonseca, que leciona para uma classe em fase de alfabetização na EMEF Manuel Egídio, em Bonito, a 515 quilômetros de Salvador, comprovou como é produtivo aproveitar bem a heterogeneidade. Em uma atividade de escrita, ela formou duplas com o seguinte critério: uma criança com hipótese silábica com valor sonoro (que representa cada sílaba por uma letra que expressa o som correspondente) e outro silábico sem valor sonoro (que representa cada sílaba por uma letra qualquer). Em seguida, ela distribuiu alfabetos móveis e pediu que com eles as duplas escrevessem a parlenda "Rei, capitão, soldado, ladrão, moça bonita do meu coração". Os integrantes se revezavam na seleção. Quando o primeiro fazia uma escolha considerada errada, o outro explicava que aquela letra não servia e apontava opções. Juntos, os dois alunos refletiram sobre o sistema de escrita e aprenderam.


7. Posso começar o ensino de um conteúdo pedindo uma atividade individual e só depois fazer agrupamentos?
Paulo Victor Oliveira, São Paulo, SP Sim. Segundo a educadora argentina Delia Lerner, da Faculdade de Educação da Universidade de Buenos Aires, a articulação do trabalho de grupo e individual se dá em processos complementares: um ascendente e outro descendente.

No primeiro, a produção individual ou de duplas é o ponto de partida para o processo de aprendizagem, que em seguida é discutido em grupos maiores e, enfim, compartilhado por toda a turma. A professora Ana Paula, da EMEF Leandro Klein, conduziu uma atividade de cálculo mental obedecendo a esse tipo de organização. A intenção dela era que as crianças debatessem, em grupo, diferentes estratégias e chegassem à solução com menos margem de erro. Para isso, o primeiro passo foi propor que resolvessem os problemas individualmente. Assim, ela verificou que tipos de resolução eram utilizados e, com base nisso, formou duplas com ideias distintas. Em seguida, foi a vez de reunir duas duplas novamente com estratégias diferentes e pedir que cada par mostrasse ao outro seu pensamento e elegesse o menos trabalhoso. Além de notar quais agrupamentos eram mais produtivos, Ana Paula avaliou o trabalho o tempo todo, verificando se havia erros e indicando possíveis caminhos.

O modo de organização descendente, por sua vez, começa com o trabalho coletivo e termina no individual ou em dupla. Ele se aplica preferencialmente quando já se sabe que a dificuldade imposta pela tarefa é grande e que, sozinho, ninguém vai conseguir realizá-la. Um exemplo é a leitura de textos mais complexos. O professor faz a leitura para todos, depois pede que leiam em pequenos grupos e, em seguida, individualmente.

8. Posso dar tarefas diferentes para cada agrupamento?
Ida Maria Fanchini, Franco da Rocha, SP Sim, desde que haja um objetivo geral e comum a todos os grupos. Essa situação se justifica no caso em que é preciso variar o grau de desafio da proposta para melhor atender à diversidade da classe. Maria Lúcia Castanheira, vice-diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, diz que quando cada equipe tem uma tarefa, o professor deve planejar bem cada uma delas. "Isso demanda mais tempo do que se todos tivessem o mesmo desafio e inclui orientar o que cada grupo fará e ressaltar a importância de se cumprirem os objetivos específicos e os gerais."

Também é essencial prever as necessidades de cada grupo no desenvolvimento das tarefas e pensar nas intervenções a fazer, já que elas serão mais diversas que de costume. Para garantir a unidade, uma ideia interessante é realizar um projeto em que o trabalho de cada grupo sirva de base para a construção de outro, da sala inteira (um seminário, por exemplo, reunindo o resultado dos diferentes trabalhos realizados pelas equipes em um novo conhecimento partilhado e construído coletivamente).

Interação entre alunos

Pesquisa e escrita de texto sobre rios 

Ilustração: Daniel Motta
Disciplina  Geografia
Objetivo  Redigir um texto informativo sobre um dos rios do estado de São Paulo
Conteúdo  Bacia hidrográfica
Critérios de agrupamento  Duplas que iriam pesquisar diferentes informações sobre o mesmo conteúdo
Papel do professor  Vera Lúcia Guastapaglia indicou a bibliografia e os sites a serem pesquisados e orientou a seleção das informações mais importantes. Durante a redação do texto, garantiu que os dois alunos participassem e se revezassem na função de escriba
Interação entre alunos  Cada dupla escolheu o rio que gostaria de conhecer e definiu o que ambos iriam pesquisar em casa. Em classe, os dois selecionaram os dados mais relevantes e, com base neles, redigiram um texto relacionando as informações pesquisadas

9. Como evitar que alguns alunos fiquem ociosos, esperando os colegas terminarem?
Mariliana Costa, Fortaleza, CE 

Fazendo um planejamento minucioso. Essa preparação inclui estruturar a atividade e coordená-la para que os estudantes não atribuam a responsabilidade de realizá-la apenas a um ou dividam as tarefas - o que impede que interajam. Isso não significa que todos os membros da equipe devam contribuir da mesma maneira. Para perceber se a troca de informações está sendo feita de forma desejável, o professor necessita acompanhar o trabalho e identificar as dificuldades. Outra ajuda é definir a atuação de cada um. Por fim, caso perceba que um deles não está produzindo porque tem um nível muito diferente do apresentado pelos demais - por um erro de diagnóstico -, a saída é reagrupar.

Num trabalho de Geografia proposto pela professora Vera, da EMEF Leandro Klein, as crianças foram reunidas em duplas após uma aula expositiva sobre a hidrografia do estado de São Paulo. A primeira tarefa foi escolher um rio paulista e pesquisar sobre ele, destacando os dados mais relevantes. Com as informações em mãos, elas se dedicaram à escrita de um texto sobre o assunto. Como era preciso discutir o tempo todo para definir quais seriam os dados principais e de que forma construiriam o texto - sem a interferência direta da professora -, nenhuma das duas ficou ociosa durante o trabalho.

10. Alguns pais dizem que, nos trabalhos em grupo, o filho faz tudo e outros, que a criança só copia do colega. Como resolver isso? Maria Lúcia Monteiro, São Paulo, SP 
 Se realmente há quem faça tudo ou não faça nada, os pais têm razão. Quando eles estavam na escola, provavelmente esse tipo de atividade não envolvia a interação, mas a divisão de tarefas. Nesse caso, o trabalho acaba sendo feito individualmente, e as produções reunidas antes da entrega, sem construção coletiva de conhecimento nem orientação do professor.

Alda Luiza Carlini, que leciona Didática na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, exemplifica a situação no caso de um trabalho de Ciências. "Quando o educador passa um roteiro pedindo o nome de frutas e as vitaminas que elas contêm, provavelmente as crianças dividem as funções e cada uma procura um dos itens. Isso não é trabalho coletivo." O melhor, nesse caso, é apresentar uma situação-problema: por que é importante comer frutas? "Dessa forma, o conhecimento é construído por meio da pesquisa e do debate entre as crianças."

Se o professor já tem uma atividade planejada e considera o nível de conhecimento da garotada sobre o conteúdo, acompanha e avalia o trabalho, provavelmente está promovendo um agrupamento produtivo. Cabe a ele mostrar as vantagens desse tipo de estratégia didática aos pais que reclamarem.

11. As crianças da Educação Infantil são muito dispersas, o que dificulta o agrupamento delas. Existem atividades específicas para essa fase? Alessandra Neroni Riul, Franca, SP 
 As crianças aprendem a se concentrar em uma só atividade quando ficam mais tempo fazendo aquilo em que estão interessadas e têm acesso a temas instigantes e adequados para a faixa etária delas. "A dispersão não é só uma questão de maturação biológica. É também de aprendizagem", explica Maria Virgínia Gastaldi, formadora de professores do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. "Trabalhar em grupo é a melhor forma de aprender a trabalhar dessa forma."

A organização do espaço é um meio de favorecer esses agrupamentos. Em vez de manter a sala com carteiras enfileiradas, é mais adequado montar ambientes diversos e voltados a uma quantidade menor de crianças nos chamados cantos de aprendizagem.

São exemplos os cantos de leitura, de jogos no computador, de faz-de-conta, de consultório médico, de supermercado, de escritório e de salão de cabeleireiro. Dessa maneira, eles se reúnem por interesses, preferências e gostos, ao mesmo tempo em que aprendem a lidar com conflitos. Assim, têm a oportunidade de desenvolver o relacionamento interpessoal sem o controle direto do professor, a quem cabe selecionar e organizar os materiais, como fantasias e objetos diversos, para contribuir no enriquecimento dos papéis de faz-de-conta, demonstrar as regras das brincadeiras e ajudar quando uma criança não consegue, por exemplo, resolver um jogo de encaixe sozinha ou com a ajuda dos amigos.

Diferentemente do que ocorre com os maiores, os pequenos da creche e da pré-escola precisam de espaço para mostrar suas vontades, pois é esse o momento de começar a desenvolver a identidade e a autonomia. Por isso, nessa fase, é importante que eles sejam levados a variar as atividades praticadas e a buscar novos desafios. Por exemplo, experimentando um novo canto. "O ideal é que o professor não regule tão estritamente o ritmo das atividades. As crianças sempre fazem suas escolhas respeitando as opções planejadas e as condições estipuladas", argumenta Maria Virgínia.

12. Os alunos devem sempre ter um papel definido dentro do grupo?
Eulália Antunes, São Bernardo do Campo, SP 
 Vale esclarecer que ter um papel não significa ter uma tarefa e dar conta dela sozinho. A criança pode ter uma função - definida de acordo com o que precisa aprender ou ensinar -, desde que a desempenhe com a ajuda dos demais.

O psicólogo e filólogo espanhol Joan Bonals diz no livro O Trabalho em Pequenos Grupos na Sala de Aula que as questões atitudinais no trabalho em grupo devem ser vistas como um conteúdo em si. De acordo com ele, para que a atividade seja produtiva, é essencial que os alunos tenham reforçado o que chama de papéis positivos, como propor ideias, avaliar, manter o foco, coordenar e conciliar. Por outro lado, os papéis negativos precisam ser neutralizados. São eles os de quem se retrai, brinca demais, chama a atenção para si, agride, domina e compete. Sem levar em conta a questão atitudinal, não há como obter sucesso na aprendizagem conceitual.

13. Que tipo de atividade em grupo ganha mais significado para os estudantes?
Laísa Martins Rodrigues Pereira, Jacareí, SP Aquelas que eles dão conta de realizar por meio da troca de saberes com os colegas, com pouca interferência do professor. Cindy Siqueira, professora da EMEF Professor Anézio Cabral, em Osasco, na Grande São Paulo, propôs um trabalho de Educação Física para a 3ª série em que todos interagiram de forma autônoma. Para que eles aprendessem jogos comuns no bairro, ela selecionou os preferidos e uniu quem sabia a forma de brincar com quem não a conhecia. Com pouca interferência dela, todos aprenderam com os colegas e ensinaram a eles.

Quer saber mais?
CONTATOS
Alda Luiza Carlini

Camilla Schiavo Ritzmann
Colégio Equipe, R. Bento Frias, 223, 05423-050, São Paulo, SP, tel. (11) 3579-9150
EMEF Leandro Klein, R. Prestes Maia, 100, 09572-690, São Caetano do Sul, SP, tel. (11) 4232-6023
EMEF Manuel Egídio, Pça. Egídio Cruz, s/nº, 46820-000, Bonito, BA
EMEF Professor Anézio Cabral, R. Venezuela, 155, 06033-220, Osasco, SP, tel. (11) 3609-6183
Heloisa Helena Garcia
Juliana Pacheco Neto
Lino de Macedo

Maria Lúcia Castanheira
Maria Virgínia Gastaldi
Priscila Monteiro

BIBLIOGRAFIA
A Formação Social da Mente, Lev Vigotski, 224 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 39,80 reais
Aprendizagem Escolar e Construção do Conhecimento, César Coll, 160 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 48 reais
Desenvolvimento da Inteligência e Interacção Social, Anne Nelly Perret-Clermont, 414 págs., Ed. Instituto Piaget, tel. (51) 3371-3383, 71,70 reais
O Trabalho em Pequenos Grupos na Sala de Aula, Joan Bonals, 184 págs., Ed. Artmed (edição esgotada)

INTERNET
Neste site, textos sobre interação produzidos na Universidade de Barcelona (em espanhol)

revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/interacoes/como-agrupo-meus-alunos-427365.shtml?page=0

INTERVALO


A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.

Nelson Mandela

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MEC discute criação de empresa para organizar concursos


Da Agência UnB
 
Nesta sexta-feira (28/1), o Conselho da Universidade de Brasília vai discutir a reestruturação do Centro de Seleção e Promoção de Eventos da UnB (Cespe/UnB). Dois pontos devem orientar a discussão: a mudança na forma de o centro pagar seus colaboradores e a criação de uma empresa pública pelo Ministério da Educação para realizar avaliações e concursos, já chamada de "Concursobras".

A forma de remuneração utilizada pelo Cespe/UnB para pagar colaboradores foi considerada ilegal pelo Tribunal de Contas da União. Os professores que ajudam na elaboração dos concursos e os servidores que trabalham além das 40 horas semanais de trabalho previstas em lei recebem a Gratificação por Cursos e Concursos (GCC). Porém, esse pagamento é feito de forma contínua, quando, de acordo com a lei, deveria ser eventual. "O Cespe não pode mais continuar operando da forma como está hoje", afirma Ricardo Carmona, diretor do Centro. "As pessoas aqui trabalham 60 e até 65 horas por semana. Sem esse pagamento extra, como elas vão atender à demanda?", questiona.

Alternativas
Uma das tentativas para regularizar a situação dos pagamentos foi apresentada ao Ministério Público do Distrito Federal em maio pela Universidade de Brasília. A proposta era transformar o Cespe em uma fundação de apoio à UnB, fazendo pagamentos por projetos. A promotora Ana Carolina Márquez alegou, entretanto, inviabilidade de se manter uma fundação com recursos próprios da UnB.

Outra alternativa, esta proposta pelo ministro da Educação Fernando Haddad no ano passado, seria transformar o Cespe em uma empresa pública. Ele sugeriu criar uma espécie de "Concursobrás", destinada a realizar avaliações como o Enem e outros concursos, mas utilizando a infraestrutura de equipamentos e pessoal do Cespe. O centro é hoje responsável pela elaboração e execução das principais provas de avaliação do país.

A dificuldade neste caso seria como manter o vínculo do Cespe com a UnB. O decano de Administração e Finanças, Pedro Murrieta, diz que esse modelo só seria bom se a universidade pudesse manter completa autoridade e gerência sobre a nova empresa. "Temo que, se não for assim, podemos perder o retorno financeiro que o Cespe traz à universidade". O decano estima que o Cespe fature R$ 260 milhões em 2011. A previsão é que, desse total, R$ 102 milhões sejam repassados à FUB.

A "Concursobrás" usaria como modelo o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, gerida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e com liberdade para fazer contratações e demissões. Porém, a lei que criou essa empresa, em 1970, prevê que a sua supervisão é de responsabilidade do MEC.

O diretor do Cespe encara a alternativa do MEC como a única colocada sobre a mesa. "Mas temos que deixar claro para o governo que não abrimos mão do vínculo com a UnB". Ele acredita que, se a universidade não aceitar esse modelo, o MEC vai criar por conta própria a empresa, podendo cortar a principal fonte de recursos do Cespe. "Essa empresa faria principalmente as grandes avaliações, como o Enem e a Prova Brasil. E essa é uma grande fonte de recursos nossa", explica Carmona. "As avaliações educacionais são nossa linha acadêmica, nelas temos nossas principais pesquisas", defende.

Caso não encontre uma solução para regularizar o pagamento aos professores e servidores, o Cespe pode ter que diminuir o volume de avaliações e concursos que realiza hoje, de forma a adequar-se ao número máximo de horas extras que a lei permite aos funcionários públicos semanais. Hoje, esse limite é de 240 horas por ano. No Cespe, muitos funcionários extrapolam esse total em apenas seis meses.

Contrato
Além do problema da Gratificação por Cursos e Concursos, o Cespe tem 410 funcionários contratados irregularmente, sem carteira assinada. Termo de Conciliação Judicial do Ministério Público exige que todos esses trabalhadores sejam substituídos por meio de concursos ou outro meio de contratação prevista em lei.

O reitor da UnB José Geraldo de Sousa Junior vai apresentar ao Consuni o quadro geral da situação do Cespe e provavelmente montar uma comissão para estudar o caso. "Existe um jogo de xadrez com a iminência de criação da empresa pelo MEC. E precisamos saber qual a posição da comunidade nessa discussão", afirma José Geraldo. "Eu não vejo problema em se criar uma empresa pública, desde que a UnB mantenha seu pressuposto tanto institucional quanto financeiro. Acredito que há outros meios, mas todos precisam de mais estudos e apoio intergovernamental", acredita.

www.dzai.com.br/papodeconcurseiro/blog/papodeconcurseiro?tv_pos_id=76238

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Dia do Livro Didático - 27 de fevereiro


Muitas vezes, o livro didático é a única forma de acesso da criança à leitura e à cultura letrada. Suas principais funções são transmitir conhecimentos, desenvolver capacidades e competências, consolidar e avaliar o conteúdo estudado.
Recurso didático fundamental, sua distribuição gratuita aos estudantes da rede pública é assegurada pelo Estado.
Em 1929, foi criado o Instituto Nacional do Livro, com o objetivo de legitimar o livro didático e auxiliar no aumento de sua produção. No entanto, essa política passou por muitas mudanças até resultar na criação do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), em 1985.
A partir daquele ano, o professor da escola pública passou a escolher o livro mais adequado aos seus alunos e ao projeto pedagógico da escola, a partir de uma pré-seleção do MEC. A reutilização do livro e a introdução de normas de qualidade foram outros importantes avanços.
Com o amadurecimento desse processo, a produção e a distribuição de livros didáticos tornaram-se contínuas e massivas a partir de 1997.
Hoje, o governo federal envia livros didáticos aos alunos do ensino fundamental e tem aumentado a oferta de obras de literatura, dicionários e até mesmo de livros em braile (para os deficientes visuais) e em libras (para os deficientes auditivos).
Também tem sido crescente, nos últimos anos, a distribuição de obras didáticas aos alunos do ensino médio e aos programas de alfabetização de jovens e adultos.
Fonte: (Ministério da Educação)

Promulgação da 1ª Constituição Republicana


A elaboração da Constituição brasileira de 1891 iniciou-se em 1890. Após um ano de negociações, a sua promulgação ocorreu em 24 de fevereiro de 1891.
Visando fundamentar juridicamente o novo regime, a primeira constituição republicana do país foi redigida à semelhança dos princípios fundamentais da carta norte-americana, embora os princípios liberais democráticos oriundos daquela carta tivessem sido em grande parte suprimidos.
Isto ocorreu porque as pressões das oligarquias latifundiárias, através de seus representantes, exerceram grande influência na redação do texto desta constituição.
Muitos desejavam que o poder fosse mais centralizado, desta forma seria mais fácil a manipulação deste advinda daqueles grupos regionais, à semelhança da forma que agiam no extinto Império.
Embora o Brasil tenha passado a ser uma República, na prática, o poder continuou nas mesmas mãos.

www.trabalhonota10.com.br/datas-comemorativas/02-fevereiro/promulgacao-da-1-constituicao-republicana.html

Dia do Repórter - 16 de fevereiro


Em 16 de fevereiro é comemorado o dia do repórter, profissional caçador de notícias, que nos informa a cada dia todos os fatos ocorridos no mundo.
Ser repórter é colher informações verdadeiras e prepará-las para a divulgação, que pode ser feita através da televisão, dos jornais impressos ou de revistas, pelo rádio e, atualmente, pela internet.
Mas preparar uma notícia não é coisa fácil. Exige conhecimentos e técnicas específicas da área jornalística, além de envolver a pesquisa e a confecção da notícia.
O primeiro modelo de reportagem surgiu com a invenção da tipografia, em meados de 1440, criada por Johan Gutemberg, onde o sistema de impressão era feito com tipos de metal e com as letras em alto relevo.
Após o período da revolução industrial, as técnicas de impressão ganharam mais rapidez e qualidade, aumentando as publicações.
Os noticiários em rádio chegaram ao Brasil através de Edgard Roquete Pinto, considerado “o pai do rádio”, onde o mesmo previu que o objeto se tornaria um transmissor da cultura popular. Em 1922 foi realizada a primeira transmissão, expondo o discurso do presidente Epitácio Pessoa sobre os cem anos da Independência.
A primeira rádio emissora foi fundada por Oscar Moreira Pinto, em 1919, a Rádio Clube de Pernambuco, sendo seguida pela Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923.
Em abril de 1950, tivemos o primeiro canal televisivo do país, mas as transmissões com maior qualidade só foram possíveis com a inauguração da TV Tupi. O primeiro telejornal foi apresentado em 19 de setembro, com o nome de “Imagens do Dia”, apresentado por Ribeiro Filho.
Com a evolução dos meios de comunicação, chegamos à era da informatização, onde as notícias correm de forma bem mais rápida. A globalização e o acesso à internet possibilitam que, em tempo real, acompanhemos um fato acontecido do outro lado do mundo.
Um repórter deve trabalhar com ética, buscando sempre a verdade sobre a notícia, sem fazer alarde ou sensacionalismo com a mesma. É ético também apresentar uma linguagem objetiva e clara, desvinculando o jornalismo da literatura.
Com isso, consegue atingir todas as classes de leitores, levando para os mesmos os fatos ocorridos, as notícias, que são consideradas direitos de todos e, portanto, vistas como bens públicos.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

DIA DO REPÓRTER


Repórter é aquele que ama ver, ouvir, ler tudo o que é notícia!
Gosta MUITO de fazer entrevistas e aparecer na telinha...
Acompanha de pertinho todas as novidades que acontecem no dia a dia do seu país e do mundo.
O repórter pode trabalhar tanto no rádio como na televisão e, ultimamente, até mesmo na internet.
Pegue um bloquinho de papel, uma caneta e faça uma entrevista com alguém que você admira.
Experimente ser repórter por um dia!





http://www.smartkids.com.br/conteudo/desenhos-para-colorir/datas-comemorativas/dia-do-reporter.gif

DIA DA AMIZADE - 14 de fevereiro

Dia da Amizade Não deixe de lembrar de seus amigos hoje!
Os amigos são como a nossa família, estão sempre do nosso lado para o que der e vier.

Vários artistas fizeram obras homenageando amigos e amigas. O cantor Milton Nacimento por exemplo, fez a famosa Canção da América. Veja que bela e emocionante canção!

Canção da América - Milton Nascimento
Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção
Que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver seu amigo partir
Mas quem ficou
No pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou
No pensamento ficou
Com a lembrança que o outro trancou
Amigo é coisa pra se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a
Distância digam não
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier
Venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto
Pra te encontrar
Qualquer dia amigo
A gente vai se encontrar

www.smartkids.com.br/datas-comemorativas/14-fevereiro-dia-da-amizade-fev.html




domingo, 23 de janeiro de 2011

FEVEREIRO - Datas Comemorativas



01 . Dia do Publicitário
02 · Dia do Agente Fiscal
02 · Dia de Iemanjá
05 · Dia do Datiloscopista
07 · Dia do Gráfico
09 · Dia do Zelador
10 . Dia do Atleta Profissional
11 · Dia da Criação da Casa de Moeda
11 · Dia Mundial do Enfermo
14 · Dia da Amizade
16 · Dia do Repórter
19 · Dia do Esportista
21 · Dia da Conquista do Monte Castelo (1945)
21 · Data Festiva do Exército
23 · Dia do Rotaryano
 
24 · Promulgação da 1ª Constituição Republicana (1891)
25 · Dia da criação do Ministério das Comunicações
27 · Dia do Agente Fiscal da Receita Federal
27 . Dia Nacional do Livro Didático

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

EDUCAR


“Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu.
O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta.
O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu.
Seu mundo se expande.
Ele fica mais rico interiormente...”
“E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria - que é a razão pela
qual vivemos.”
“Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.”
“A primeira tarefa da educação é ensinar a ver...
“É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo...”
“Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.”
“A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades...”
“Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido.”
“Os conhecimentos nos dão meios para viver.
A sabedoria nos dá razões para viver.”
“Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados.
Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento:...”
“...a capacidade de se assombrar diante do banal
“Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus,
os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem.”
“Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci.
Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore...ou para o curioso
das simetrias das folhas.”
“Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam.”
“As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.”
O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.”
“Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.”
“Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem...
“Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro
da gente.”
“São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver.
Elas não têm saberes a transmitir.
No entanto, elas sabem o essencial da vida.”
“Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna como criança jamais será sábio.”

Rubem Alves
www.cadernodemensagens.net/node/774

INTERVALO


" Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo."

( Hermann Hesse )

Analfabetismo no Brasil supera média da América Latina


A proporção de pessoas que não sabem ler ou escrever no Brasil é maior que a média registrada na América Latina e no Caribe. Ao todo, 9,6% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos contra 8,3% dos moradores da região, revela o Anuário Estatístico de 2010 da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), agência das Nações Unidas (ONU).

No ranking de 2010, o Brasil apresenta a sétima maior taxa de analfabetismo entre os 28 países da região. Está à frente, apenas, da Jamaica (9,8%), da República Dominicana (12,9%) e de El Salvador (16,6%), Honduras (19,4%), Guatemala (25,2%), Nicarágua (30,3%) e Haiti (41,1%).

O Brasil ainda está muito atrás de países como Uruguai (1,7%), Argentina (2,4%), Chile (2,95%), Paraguai (4,7%) e Colômbia (5,9%). A proporção de analfabetos é maior entre os brasileiros (10%) do que entre as brasileiras (7,6%).

A estimativa do estudo é que o Brasil ultrapasse a atual taxa de analfabetismo da América Latina apenas em 2015, quando a proporção de pessoas que não sabem ler no país deve chegar a 8,2%.

A taxa de analfabetismo na América Latina e no Caribe caiu 68,5% entre 1970 e 2010, passando de 26,3% para 8,3%. Em 2015 a proporção de pessoas que não sabem ler ou escrever na região deve ser de 7,1%, segundo estimativas da ONU.

*Com informações do Cepal 

aprendiz.uol.com.br/content/kirecleche.mmp

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

MOLDES PARA E.V.A.


No endereço abaixo você vai encontrar alguns moldes para EVA. Aproveite as idéias... Logo, logo as aulas começam.

Moldes para EVA

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

DATAS COMEMORATIVAS - Fevereiro


01 . Dia do Publicitário
02 · Dia do Agente Fiscal
02 · Dia de Iemanjá
05 · Dia do Datiloscopista
07 · Dia do Gráfico
09 · Dia do Zelador
10 . Dia do Atleta Profissional
11 · Dia da Criação da Casa de Moeda
11 · Dia Mundial do Enfermo
14 · Dia da Amizade
16 · Dia do Repórter
19 · Dia do Esportista
21 · Dia da Conquista do Monte Castelo (1945)
21 · Data Festiva do Exército
23 · Dia do Rotaryano
 
24 · Promulgação da 1ª Constituição Republicana (1891)
25 · Dia da criação do Ministério das Comunicações
27 · Dia do Agente Fiscal da Receita Federal
27 . Dia Nacional do Livro Didático

O que é o projeto político-pedagógico (PPP)

 

O PPP define a identidade da escola e indica caminhos para ensinar com qualidade. Saiba como elaborar esse documento

 Toda escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e sonhos a realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o que dá forma e vida ao chamado projeto político-pedagógico - o famoso PPP. Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o nome do documento dizem muito sobre ele:

- É
projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo.

- É
político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir.

- É
pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem.

Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua elaboração precisa contemplar os seguintes tópicos:


- Missão
- Clientela
- Dados sobre a aprendizagem
- Relação com as famílias
- Recursos
- Diretrizes pedagógicas
- Plano de ação


Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planejamento e avaliação que você e todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem consultar a cada tomada de decisão. Portanto, se o projeto de sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora de mobilizar esforços para resgatá-lo e repensá-lo
. "O PPP se torna um documento vivo e eficiente na medida em que serve de parâmetro para discutir referências, experiências e ações de curto, médio e longo prazos", diz Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

 

Compartilhar a elaboração é essencial para uma gestão democrática

 

Infelizmente, muitos gestores veem o PPP como uma mera formalidade a ser cumprida por exigência legal - no caso, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Essa é uma das razões pelas quais ainda há quem prepare o documento às pressas, sem fazer as pesquisas essenciais para retratar as reais necessidades da escola, ou simplesmente copie um modelo pronto.

Na última Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada no primeiro semestre deste ano, o projeto políticopedagógico foi um dos temas em destaque. Os debatedores lembraram e reforçaram a ideia de que sua existência é um dos pilares mais fortes na construção de uma gestão democrática. "Por meio dele, o gestor reconhece e concretiza a participação de todos na definição de metas e na implementação de ações. Além disso, a equipe assume a responsabilidade de cumprir os combinados e estar aberta a cobranças", aponta Maria Márcia Sigrist Malavasi, coordenadora do curso de Pedagogia e pesquisadora do Laboratório de Observação e Estudos Descritivos da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Loed/Unicamp).

Envolver a comunidade nesse trabalho e compartilhar a responsabilidade de definir os rumos da escola é um desafio e tanto. Mas o esforço compensa: com um PPP bem estruturado, a escola ganha uma identidade clara, e a equipe, segurança para tomar decisões. "Mesmo que no começo do processo de discussão poucos participem com opiniões e sugestões, o gestor não deve desanimar. Os primeiros participantes podem agir como multiplicadores e, assim, conquistar mais colaboradores para as próximas revisões do PPP", afirma Celso dos Santos Vasconcellos, educador e responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica, em São Paulo.

 

Os erros mais comuns

 

Alguns descuidos no processo de elaboração do projeto político-pedagógico podem prejudicar sua eficácia e devem ser evitados:

- Comprar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores externos. "Se a própria comunidade escolar não participa da preparação do documento, não cria a ideia de pertencimento", diz Paulo Padilha, do Instituto Paulo Freire.

- Com o passar dos anos, revisitar o arquivo somente para enviá-lo à Secretaria de Educação sem analisar com profundidade as mudanças pelas quais a escola passou e as novas necessidades dos alunos.

- Deixar o PPP guardado em gavetas e em arquivos de computador. Ele deve ser acessível a todos.

- Ignorar os conflitos de ideias que surgem durante os debates. Eles devem ser considerados, e as decisões, votadas democraticamente.

- Confundir o PPP com relatórios de projetos institucionais - portfólios devem constar no documento, mas são apenas uma parte dele.  

(revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/planejamento/projeto-politico-pedagogico-ppp-pratica-610995.shtml